Será que a carne do hamburguer que você
come tem antibiótico?
Criados
em escala industrial para poder suprir a demanda do mercado global de carne, e
sobretudo, os pedidos das grandes cadeias de fast food, bois, frangos, porcos e
outros animais são tratados frequentemente com antibióticos. A prática, comum
no setor, faz com que os animais fiquem mais resistentes à doenças e
cresçam mais rapidamente. Além disso, os torna menos vulneráveis ao estresse
gerado pelo confinamento em cubículos superpopulados, algumas vezes, sem
condições sanitárias adequadas.
Entre
os inúmeros males que a administração de antibióticos em animais causa está o
aumento da resistência das bactérias. O problema é que, quando há
demasiado ou mau uso do medicamento, as bactérias as quais eles foram
desenvolvidos para combater, acabam ficando ainda mais fortes e imunes a ele, o
que hoje chama-se de “superbactérias”. Com isso, o tratamento de infecções
bacterianas faz-se mais difícil, prolongado e com maiores chances de tornar-se
fatal para o paciente. Resíduos de antibióticos também contaminam água e
solo, depois que são expelidos pela urina de animais, inclusive, do ser humano.
Para
informar aos americanos como é a política das cadeias de fast food daquele país
em relação à carne utilizada, uma pesquisa acaba de divulgar um ranking
analisando o comportamento das 25 maiores redes dos Estados Unidos. “How Top Restaurants Rate on Reducing Use of Antibiotics in Their Meat
Supply” contou com a participação de consumidores,
instituições do setor de saúde e organizações ambientais, como oNational Resources Defense Council
(NRDC).
As
cadeias receberam notas de A a F, sendo a primeira “excelente” e a última
“muito ruim” (em inglês, a palavra fail com F, signifca
reprovado). Somente duas redes receberam a melhor nota: Panera
e Chipotle Mexican Grill. Entretanto, no final vergonhoso da lista, com nota F,
estão 16 empresas que continuam usando carne com antibióticos, têm feito
mudanças muito lentas e sem relevância ou simplesmente, preferiram não falar
sobre assunto. Entre estas, estão nomes conhecidos como Burger King, Olive
Garden, KFC, Domino’s Pizza e Applebees (veja lista completa ao final
deste post).
“Na
realidade, o problema é que o uso de antibióticos na veterinária, agricultura e
indústria alimentícia aumenta o risco de desenvolvimento de resistência nas
bactérias que colonizam o animal e estas bactérias podem ainda estar presentes nos
alimentos, como a carne”, alerta Silvia Costa, professora associada
de doenças infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo.
A médica especialista revela que recentemente foi
detectado, na China, um novo mecanismo de resistência em frangos por causa do
uso de antibióticos, que rapidamente se espalhou para vários países.
“Antibióticos não deveriam ser utilizados para animais de consumo”, ressalta.
É bom lembrar que o levantamento divulgado foi feito
com cadeias localizadas nos Estados Unidos. Esta é a política delas naquele
país. Todavia, muitas delas estão presentes também no Brasil. Se agem de
maneira diferente em relação à compra da carne que usam em nosso país, seria
necessária a realização de um estudo aqui.
Para
chegar ao resultado apresentado, os responsáveis por “How Top Restaurants Rate on Reducing Use of Antibiotics in Their
Meat Supply” consultaram diretamente as empresas, seus sites e
também relatórios anuais.
Esta é a segunda vez que a pesquisa é promovida. Em
relação à primeira, no ano passado, há uma boa notícia: o dobro de restaurantes
fast food conseguiu média no ranking, ou seja, está comprometido a abolir o uso
de carne com antibiótico no preparo de seus pratos.
A rede McDonalds, por exemplo, ganhou uma nota C+.
Segundo a empresa, 100% da carne de frango utilizada nas 14 mil lojas da cadeia
nos Estados Unidos são livres de antibióticos. Entretanto, a companhia não se
comprometeu a mudar a política em relação à carne de boi e porco usada.
Com lojas no Brasil, a cadeia Subway afirmou que
pretende eliminar o uso de qualquer tipo de carne com antibióticos em seus
sanduíches. É a única que assegurou que implementará a mudança abrangendo carne
de boi, frango, porco e peru.
Estima-se
que aproximadamente 700 mil pessoas no mundo morram, por ano, devido à
complicações provocadas por bactérias resistentes. Um relatório produzido por especialistas
britânicos prevê que, se nada for feito para conter o abuso
indiscriminado da ingestão de antibióticos, o número global de mortes pode
subir para 10 milhões em 2050.
De
acordo com o jornal The Guardian, atualmente 70% dos antibióticos
administrados em humanos também é comercializado para fins veterinários. Nos
Estados Unidos, a partir do ano que vem, será proibida a venda de medicamentos
do tipo para estimular o crescimento dos animais.
A divulgação de pesquisas como esta se torna
importantíssima, na medida que leva informação até a população sobre a
procedência da carne que é oferecida pela redes de fast food. Além disso,
coloca pressão sobre empresas para que mudem sua política de compra. Foi
exatamente o que aconteceu com o mercado americano, após a publicação do
primeiro estudo, em 2015.
É preciso que aqui no Brasil sejam feitos
levantamentos como esses e que a sociedade se organize e combata veemente
políticas de companhias que não estão interessadas na saúde de seu consumidor.
Comentários – Eu amo carne, adoro churrasco e
praticamente, como carne todos os dias. Sabia que os animais para corte, crescem muito rápido para o abate, mas desconhecia que davam antibiótico para os
animais. O pior que não tem como saber se a carne que comemos, tem muita ou
pouca quantidade de medicamento. Cada dia que passa a qualidade dos alimentos
que se come diariamente, nas grandes cidades, estão piorando de qualidade. Bem, apesar de ser fã de carne vermelha, não gosto e por isso não frequento fast-foods, porque não suporto alimentos gordurosos.
Fonte - http://conexaoplaneta.com.br/blog/sera-que-carne-do-hamburguer-que-voce-esta-comendo-tem-antibiotico/