As aftas ardem e doem... mas saram se você não mexer!
De repente, um pontinho pequeno dói
na boca. Aí você se lembra do abacaxi que comeu na sobremesa, da chegada da
menstruação ou do estresse que passou recentemente. É afta. Hora de se preparar
para aguentar alguns dias de incômodo para comer, beber e até falar. Se servir
de consolo, saiba que você não é o único a sofrer assim. Segundo especialistas,
uma em cinco pessoas tem afta.
Difícil é saber como tratar. Talvez
poucos fenômenos do nosso organismo gerem tantas dúvidas como a afta e, ao
mesmo tempo, tantas receitas "milagrosas".
"Pode virar um tumor?", há
quem se pergunte. "Você deve estar com pouca vitamina", palpita
alguém. "Olha, para sarar, tem uma pomadinha tiro e queda."
Qual bochecha com afta que nunca
recebeu esses conselhos? Ou aquele recorrente: "Coloca bicarbonato de
sódio em cima dela e aguenta a dor!".
O que talvez as pessoas não percebam
é que a afta, na verdade, é algo simples, sem mistério e previsível. A começar
pela identificação do problema: "A pessoa faz o diagnóstico sozinha. Ela
abre a boca e diz: 'Estou com afta'", afirma o cirurgião-dentista Arthur
Cerri, assessor científico da Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas.
E o tempo para sarar é quase
"matemático". "Dura de 10 a 14 dias, com pelo menos quatro dias
de dor", completa o dentista.
Não há nada de grave nas aftas, são
apenas lesões esbranquiçadas e às vezes amareladas, de 2,3 mm a 8 mm, sem pus,
bactérias ou outros sinais de infecção.
Mas não é à toa que reclamamos.
Segundo Marta Silvestre, cirurgiã-dentista do Instituto Israelita de
Responsabilidade Social Albert Einstein, as aftas doem muito nos primeiros
dias, quando há "ulceração da membrana que cobre um tecido, com aumento de
vascularização". As fibras nervosas expostas, por isso o ardor.
Ou seja, não existe afta indolor.
O que não é consenso entre
especialistas é a causa. "Envolve causas hormonais, causas ácidas, causas
bacterianas, hereditárias e por aí vai. Todas aceitas e válidas", diz
Arthur Cerri.
Se você tiver propensão ao
aparecimento de afta, é importante evitar a acidez, que ataca a mucosa e causa
lesões na boca.
Depois das refeições e quando comemos
frutas cítricas, a saliva, que é quase neutra, fica mais ácida. Por isso a dica
é não esquecer de escovar os dentes.
O própolis, que tem efeito
cicatrizante, e o bicarbonato de sódio, que reduz a acidez da boca, podem
ajudar, mas é preciso cuidado para não piorar o estado de uma lesão. O
recomendável é fazer bochecho.
Pomadas podem aliviar a dor, mas seu
uso não é totalmente eficaz. A boca, por ser úmida, dissolve qualquer coisa que
se coloque nela.
E nem pense em queimar ou colocar
cinza de cigarro. Essas recomendações são mitos que podem, isso sim, causar um
mal maior, como uma grande infecção.
Além disso, uma dieta balanceada é
importante para manter a boa saúde do organismo e prevenir ulcerações. Quando a
afta aparecer, o melhor a fazer é evitar condimentos e temperos, que doem
quando entram em contato com ferida.
E, de resto, não mexer e esperar.
"Deixa a afta lá. Tenha paciência um pouquinho que ela vai
desaparecer", dizem os dentistas.
Remédios, só para casos graves
Se uma afta incomoda, imagine várias
ou uma após a outra.
Há pessoas que sofrem de forma aguda.
"Elas têm surtos, não conseguem nem beber água porque dói", conta o
cirurgião-dentista Arthur Cerri. Nestes caso, cabe um anestésico.
Segundo o especialista, o uso de
qualquer medicamento deve ser feito com prescrição médica. "Eles
interferem na microbiota da boca, por isso é preciso de orientação."
Em casos graves, há remédios
sistêmicos, que atuam no estômago e intestino, por exemplo. Ou pomadas para
serem aplicadas diretamente na mucosa, como as de corticosteroide.
"Pode ser utilizado também
bochechos com elixir de dexametasona. Em áreas de difícil acesso, como nos
pilares tonsilares [área próxima à garganta], o spray de dipropionato de
beclometasona", explica a cirurgiã-dentista Marta Silvestre.
Quanto ao tratamento com uso de
vitamina B, para suprir possível carência no organismo, não há pesquisas quem
comprovem sua eficácia.
Vale lembrar que, por não ter uma
causa específica, o problema não conta com um tratamento específico.
COMENTÁRIOS – Eu tenho muitas aftas. Tinha
muito mais quando usava aparelho nos dentes. É muito chato e incomoda bastante.
Costumo usar um medicamento chamado Gingelone que é muito bom que a minha
dentista receitou. Acontece também quando mordo o lado da boca, dói muito.